Quero mais do que me curar de eventual patologia do corpo; desejo, isto sim, aquilatar o meu coração na forja do Grande Espírito, para poder refletir-Lhe a luminosidade.
Qual outro grande motivo teria o de livrar-se de uma doença? Poder voltar a comer pastéis fritos? Oh! Claro que não. Poder tornar a desfrutar de festas e algazarras? Em absoluto. Essas coisas já não apetecem minha alma nem saciam a fome e a sede do meu espírito.
Muitas vezes me pergunto sobre tais coisas. A resposta me vem cristalina à mente. E não poderia ser diversa a mensagem diante do trilhar da minha alma. O que quero, pois, é tornar-me límpido e digno de refletir o Cristo, consoante Sua maneira e Seu plano para mim.
Muitos homens e mulheres já assim fizeram. Não vejo outro fanal mais nobre em vida, nesta vida, e quem sabe por todas as vidas que sucederão, do que poder "comer a carne e beber o sangue de Cristo", para me valer de uma metáfora pouco compreendida.
Creio que o mundo e as coisas do mundo não desaparecerão de minha vista, e acredito que, aos olhos profanos, serei tão comum como comum sou agora, mas no interior da alma haverá outro ser, outra bússola que não o ego falível a guiar-me em meio a selva da vida. Por fora a mesma carapaça, por dentro, porém, a luz de farol.
Quando a consciência se alarga, ainda que minimamente, não suporta, tampouco aceita menos do que aquilo que de grande sentiu e viveu. Como, pois, exigir de minha alma carregar alguma pedra de tropeço, se no palmilhar da estrada da vida muito já andei com os pés ensaguentados? Não!
Chama-me atenção os mistérios espirituais, que, com o passar do tempo, e com o fruto do trabalho e do merecimento, deixarão de estar encobertos pelo véu da ignorância. Cristo já nos disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" e disse ainda "nada há de encoberto que não seja revelado" e incitou seus discípulos na propagação da Boa Nova ao ordenar-lhes dizendo "o que Eu vos digo às escuras, dizei-lhes sobre os telhados"...
Não posso esconder o tesouro do meu coração, ainda que diante de tamanho pão e circo, embora diante da brutalidade de tantos Coliseus.
Nada há mais verdadeiro do que esta saudade incompreendida, a de unir-se ao Criador em nós. Nossos anseios, desejos, nossas buscas, nossas empreendimentos, por mais custosos e altos se nos pareçam, perdem todo o atrativo e todo o brilho diante do Farol Luminoso do Cristo.
E isso nada tem de religião no sentido em que hoje tão tristemente é deturpado. O homem teceu as linhas tortas de muitos escritos ditos religiosos, que mais serviram e servem para toldar o entendimento humano do que para esclarecer a humanidade sobre sua destinação sagrada.
Mas nada está de todo perdido. Ainda que derrubados os galhos, a semente da árvore frondosa medra pelo assoalho dos campos da alma e há de florescer mais cedo ou mais tarde em muitos corações adubados pela luz do Espírito.
Nada refoge ao seu Calor.
Nada!
Que o Altíssimo possa, portanto, nos conceder a Sua Graça e o laurel do entendimento legítimo para que, como referido nas escrituras, "possamos perambular pela vida como reis e rainhas".
Votos de profunda paz!
Rodrigo.
(Escrito no trecho Lavras do Sul - Santa Maria. Antes da primeira aplicação de imunoglobulina).
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