segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

O rio e a fala: um breve comentário sobre a minha comunicação




Quando eu converso, quando eu falo, eu sinto uma espécie de barreira no fluxo das palavras, isso é uma coisa que não acontece sempre, mas acontece seguidamente.

Estive durante muito tempo com uma autoimagem de gagueira devido a isso. Contudo, na verdade, não se trata de gagueira, mas de algo mais sutil, no nível dos pensamentos.

Realizei tratamento fonoaudiológico para descobrir que realmente não era uma simples gagueira.

Depois comecei a cismar com certas palavras, e realmente eu acreditava que diante de determinadas palavras inevitavelmente iria engasgar. No entanto, eu não via que também diante de outras palavras com as quais eu não cismava a trava no fluxo da comunicação também acontecia.

Por isso, a questão, ou melhor, a barreira, não estava nessa ou naquela palavra, mas em outra coisa, que eu não sabia bem o que era.

Num determinado momento da minha vida, descobri os ensinamentos budistas, comecei a ler sobre o assunto, e o que me chamou bastante atenção foi sobre a natureza vazia e luminosa da mente.

O ensinamento de que todos os aspectos do mundo são construídos, que não tem uma realidade básica nisso tudo. A nossa natureza, de acordo com essa visão, é livre, vazia, luminosa, liberta de todos os condicionamentos.

Mas nós nos aferramos ao aspecto construído, ligamo-nos a ele com tanta força e cegueira (avydia) que acreditamos que somos esse corpo e todas as limitações dele advindas.

Então, comecei a meditar contemplando essa natureza da mente. Procurei durante algum tempo não nutrir expectativas, nem fazer visualizações, tampouco focar em algum tipo de pensamento, algum tipo de energia, nada disso.

Apenas busquei sentar e repousar, relaxada e tranquilamente, tentando me escorar e me aquietar nessa natureza vazia e luminosa, que é uma presença muito marcante, quase sólida, por assim dizer, na ausência de palavras melhores para expressar isso.

Então, um dia pensei: “hoje, vou pedir para essa natureza da mente me explicar o motivo pelo qual o fluxo da minha fala fica trancado às vezes”. E decidi sentar para meditar.

Veio-me então à mente a imagem de um rio com pedras redondas, pedras grandes, como esses riachos dentro de matas, onde a correnteza da água é bem forte e tem muitas pedras de todos os tipos e tamanhos.

Nessa paisagem, vi-me dentro do rio, bem no meio do fluxo da água, e ora eu agarrava uma pedra enorme para tirá-la de dentro do rio, ora eu trazia para dentro do rio uma pedra grande e soltava ali dentro…

Demorei-me nessa imagem.

Então o silêncio como que me fez entender a metáfora: o fluxo da água estava sempre presente, independentemente de eu trazer pedra e soltar no rio, ou tentar retirar do rio alguma pedra ali existente.

Nada disso impedia o fluxo do rio. A água ultrapassava a pedra, por maior que ela fosse. A água encontrava um jeito de seguir o seu fluxo. Mas a minha atenção, ao invés de estar focada na água, estava focada ora no esforço de levantar a pedra e tirá-la do rio, ora no esforço de trazer alguma pedra para dentro da água, e ora estava focada na própria pedra. Com isso, acabava me esquecendo do principal, que era o fluxo da água, sempre constante, a despeito de toda a minha atividade com as pedras…

A água simbolizou a comunicação, a fluidez da fala, que sempre esteve constante. As pedras, simbolizaram os pensamentos, as emoções, as flutuações da mente, que, embora estivessem ali, eram sempre ultrapassadas pela condição natural da fluidez da água. A atividade de eu buscar retirar as pedras do rio, ou de eu buscar colocar alguma pedra ali dentro, simbolizou a minha tentativa vã de consertar a fluidez, que sempre esteve plena e presente, ultrapassando qualquer obstáculo.

Diante dessa imagem mental que me veio na meditação, passei a ter material mental para entender o que eu estava fazendo de errado. 

Bastava mudar o foco: da pedra para o fluxo da água.

Portanto, não importam as pedras, o tamanho delas, o peso, a água sempre vai achar algum jeito de ultrapassá-las; apesar das pedras, a água vai seguir seu fluxo, é da natureza dela ser assim.


O mesmo acontece com a fala... 

Fica o registro.

Lavras, 23-12-2019.

Rodrigo Freitas dos Santos.’.




quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Um convite da vida para vida



Para além da religiosidade... Ou melhor, sem trazer conotação religiosa a este assunto, podemos dizer que a melodia da felicidade é aquela a que todos almejamos. Sempre reflexionei e acho interessante como nós nos sentimos bem quando praticamos algo que o coração diz ser o bem. Não sei o que é o bem em palavras, mas sei sentir o que é o bem. E naturalmente as coisas verdadeiras são assim, isto é, inexprimíveis em palavras. De outro ponto, alguém poderá conceituar o amor, a compaixão, a paz, com meras palavras? Não! Nem de perto arranhamos. Contudo, essas coisas são expressadas por energias que estão na natureza, brotam da natureza, estão nos seres, brotam nos seres, pois nada está separado do tecido de fundo da criação. Assim, quem sabe se criássemos o hábito de nos conectar com essa fonte de bem-aventurança as coisas não se tornariam mais leves em nossa vida e na vida daqueles que nos rodeiam? Se fulano, gosta de preces, que faça preces. Se beltrano gosta de meditação, que medite. Se sicrano gosta de emitir pensamentos nobres, positivos, que os emita em abundância. Sejamos como lanternas da paz, sejamos benfeitores anônimos, espargindo luz, espalhando energia compassiva por todos os lados. Se passa por alguém na rua, não veja outro alguém, mas sim um ser humano igual a nós que busca a felicidade e cuja existência em última análise está ancorada no mesmo tecido de fundo universal, pelo que somos a única e mesma coisa se exprimindo no mundo de formas diferentes conforme a própria mente acredita que deva ser. Não importa! Emita pensamentos no éter: que haja paz nesse ambiente, que tal pessoa (que nunca vi antes na vida) saia daqui banhada em luz e leve isso para sua família e que tudo para ela dê certo e em todos os níveis e que ela atinja a felicidade… Um animal na rua, olhe com amor, veja que há também uma luz nos olhos dele, uma fagulha que anima aquela forma corpórea, cujo tecido de fundo é também o mesmo. Uma planta, uma flor, uma pedra, a areia, até o barro, tudo a mesma coisa… Exercitemos isso. Isso é ser luz no mundo. Isso é trabalho de benfeitor espiritual. Não precisamos aguardar a transmigração da forma física, como a morte, para fazer isso. E alguns podem ser perguntar: mas e eu? Como fico eu? Ao que respondemos: se acima foi dito que o tecido de fundo é o mesmo, quando emitimos bençãos (e temos esse poder por filiação divina) emitimo-la também a nós mesmos. Treinemos, no começo pode ser mecânico, no meio começamos a sentir um calor no coração e um brilho nos olhos, e o fim... Ah! O fim não existe, só Deus (permita-me usar essa palavra) sabe até onde essa luz pode chegar e que maravilhas pode fazer!!!

Lavras do Sul, 14-11-2019.



domingo, 3 de novembro de 2019

Os tombos na vida - A Graça de Deus


Quando quero estagnar, então Deus se manifesta e me dá um tombo estrondoso. 
Parece maldade ! 
Mas não…
Nada disso.
É só para que eu levante mais forte e desperte em mim, cada vez mais viva, a Sua Presença.
Que importam, pois, os tombos?
Que importam os joelhos ardidos?
Que importam as mãos esfaceladas?
Que importa a alma partida?
… se depois de cada embate, Ele me reergue cada vez mais Vivo e Forte e, sobretudo, cada vez mais Feliz!
Ah! Que trema!
Nunca estou só.
Sua Força vai sempre a minha frente aplainando os caminhos, endireitando as minhas veredas, cumprindo a minha sina. 

Leis do universo



O universo é regido por leis. Precisamos saber como utilizá-las. Precisamos nos alinhar com elas. Pouparemos muito sofrimento quando conseguirmos desvendar o segredo por detrás da mecânica dos fenômenos. Apesar da aparência do caos, a despeito da imensidão de planetas, galáxias, nebulosas, há, sim, uma causa regente, rigorosamente ordenada, que afeta tudo, inclusive nossas mais corriqueiras situações do cotidiano. Falar em galáxias ou nebulosas pode soar bastante distante, contudo a lei que ordena o cosmo é a mesma atuante na massa de pizza ou no sabor do sanduíche do café da manhã. A lei interpenetra, atua e afeta tudo e a todos e todos os momentos e não há como deixar de estar fora de sua influência. Pensamos que pensamos, mas somos pensados. Somos, de alguma forma, sonhados. Somos partes integrantes (essenciais) de toda essa sopa cósmica. Embora não saibamos descrever e minudenciar todas as facetas dessa lei, podemos ter algumas noções vibracionais de como ela atua pelo campo de vibração emanado dos pensamentos e sentimentos que nutrimos. Eu sei, eu sei, parece sim muito abstrato, chega a ser uma loucura escrita por um bêbado ou entorpecido, contudo, longe disso, trata-se, em verdade, de uma chave importantíssima que, se descobrirmos como usá-la, ultrapassaremos toda a causalidade.

A influência do que sentimos



Somos influenciáveis. Somos muito influenciáveis. Uma propaganda de televisão pode mudar totalmente nossa rotina. Pode nos dar novas vontades e direcionar o nosso trajeto. Inquestionável.
Nada sei sobre Deus. Pouco sei sobre a vida. Alguma coisa sei sobre energia, ainda assim muito pouco, quase nada. Mas sei que sou influenciável por todas essas coisas. Um artigo pode transformar meu entendimento sobre tais assuntos. E com isso transformar radicalmente a minha vida, uma vez que atua diretamente na crença.
Embora desconhecendo o fenômeno, sei que o que sinto acontece na minha vida, inicialmente no nível mental, depois passa para as emoções e se expressa no mundo físico, seja no meu corpo, seja no ambiente ao redor de mim. Fato.
Sendo assim, importa cultivar bons sentimentos. E importa, ainda, criar bons sentimentos, criar sentimentos sobre aquilo que desejo ver acontecer na minha vida. Isso se aplica inclusive à saúde. Ontem tive a oportunidade de relembrar. Com efeito, eu estava me sentindo mal, deitado na cama, com pensamentos pessimistas sobre meu estado, porém, quando minha mãe apareceu para me fazer companhia e me trouxe uma mensagem otimista e que para mim parece sensata e convincente, aquilo transformou toda a química do meu corpo, tendo eu ganhado até mesmo mais disposição.
Então, ao menos na minha vida, isso já deixou de ser uma suposição para ganhar o lugar de um fato comprovado pela experiência, a minha experiência.
Agora que estou ciente disso, da importância de se criar bons sentimentos, imaginá-los e trazê-los para dentro do coração, seja em palavras, seja em pensamentos, interessa criar exercícios nesse sentido. Exercícios de mentalização que possam ser capazes de criar estados mentais que conduzam a sentimentos realizáveis.
Sentimentos que possam transformar a realidade vivida, quer seja imaginária, quer seja real. Afinal de contas, o que é a realidade? O que é real? Desde que a Física comprovou que somos feitos de átomos e que há espaços vazios em todo o mundo material em nível subatômico, o que é real? Até mesmo o fato de enxergarmos pode ser uma ilusão, como no caso de uma miragem. O fato de tocarmos alguma coisa pode ser uma ilusão, cuja sensação tátil provém das reações elétricas na ponta dos dedos.
Penso já estar na hora de deixar de lado a nossa cegueira para descobrirmos como transformar a nossa realidade. Esse assunto já deixou há muito de ser classificado como utópico, sendo hoje muito sensato de se pensar. Deixou o campo da suposição para adentrar, como dito, o campo da experiência. Então, é sinal de que a ele devemos dar mais importância. Não apenas para sabermos, mas, sim, sobretudo, para aplicarmos o conhecimento adquirido.
Uma vez li que chegaria o tempo em que seríamos os médicos de nós mesmos. Claro que para que a total expressão da mensagem seja atingida ainda deve levar algum tempo, ainda precisamos amadurecer e vivenciar algumas coisas, contudo já não podemos mais dizer que isso seja mera religiosidade cega ou conto da carochinha. Ao contrário, é, sim, uma possibilidade bastante sensata de se pensar.
Sinto que tenho mais coisas a escrever, contudo as ideias estão se esvaindo pela vontade de tomar um mate, então vou me dar esse prazer…
Lavras do Sul, 03-11-2019.


segunda-feira, 7 de outubro de 2019


Visto que Tu, ó grande consciência, reflete tudo, onde foi que Te perdi? Na fortaleza do Teu ser em mim, no Teu passo forte por minhas pernas, onde foi que Te perdi? Que maldito fato e que falsa crença, crença mentirosa, me fez perder? Onde foi a esquina em que Te abandonei? Fala-me, Grande e Poderosa Força, fala-me que vou buscar-Te e trazer-Te para cá, bem dentro do coração. Eu quero a Tua resposta, mas a resposta só pode vir se Tu quiser, ó Misericordiosa Força. Quero sambar contigo, quero sorrir contigo, quero correr, gritar, lutar, voar por aí nos braços do teu vento. Onde, me diz onde Te deixei? Mentirosa crença, magra, desnuda, feiosa, e vazia de todo vigor, esta eu já destrui, e agora quero Te recuperar, Alma amada, quero Te envolver no meu olhar, ou melhor me envolver o Teu olhar, no Teu abraço protetor, quero vestir-me com Teu manto sagrado. Diga, pois. Diga-me Poderosa Voz. Fala-me, demonstra-me, avisa-me, indica-me, sinaliza-me. Ó imortal e toda vitoriosa Alma. Estou aqui sorrindo pra Ti…

A ira (não o ódio) (*)



Certa vez um homem já disse: “nem irar-se nesses termos é contra a mansidão”, referindo-se ao episódio em que o Mestre derrubou as mesas e varreu os vendilhões do Templo.

Assim, claro está, há situações em que a ira brota naturalmente como revolta da Alma frente à arbitrariedade, frente à injustiça, etc.

A Alma boa, por muito tempo, carrega em si o falso conceito de que deve sempre calar-se, de que deve aguentar quieta as injustiças, de que se não deve revoltar. Tudo isso é válido em se considerando o ego, porquanto a revolta de um ego insano pode causar tragédias, jamais construir e disso nós estamos cheios de exemplos.

Contudo, quando o impulso brota do imo do Ser, destituído de ódio, destituído de vingança, destituído de julgamento, é a mesma coisa que uma tempestade que sopra para limpar os miasmas da Natureza, eventualmente derramados, por lugares específicos.

Não fosse assim, não fossem essas revoltas, talvez ainda estaríamos presos a campos de concentração, ou escravizando em correntes e bolotas de ferro os nossos irmãos de pele negra. Um absurdo!

Muito diferente, porém, é a ira do ódio. Muito diversa é a ira da maldade. Muito, mas muito distante está a ira da vingança e do desejo do mal e de toda a sorte de julgamento.

Aquele que já sentiu a ira de Deus compreende que ela é um fogo que aquece o coração, expressa-se no verbo justo e escorreito, firme como a rocha, mas que não guarda no peito mescla de ódio, vingança, egoísmo, e julgamento.

Não há peso na consciência daquele que assim age, pois é a Voz de Deus que se expressa como admoestação! É a voz do Altíssimo que faz estremecer o chão dos impetuosos no momento adequado.

A consciência, nesse quesito, sempre será o nosso juiz. Ninguém se lhe pode escapar ao aguilhão, ao peso do remorso, quando a ação é perpetrada pelo ego desequilibrado.

Que fique bem clara a diferença. A ira não contém ódio, nem carrega pesar. A ira não deseja vingança, de modo que transmutada a situação, a própria boca que feriu, necessariamente, pode fazer cicatrizar as feridas…

Que a paz do Altíssimo seja o nosso luzeiro, guia e caminho, hoje e sempre.

(Lavras do Sul, 07/10/2019).

domingo, 6 de outubro de 2019

o que é, é. (*)

Quando a consciência não está preparada, pode ler mil vezes a declaração do maior dos princípios, mas não conseguirá depreender a sua essência.

Declarações como as contidas no Genesis deveriam deixar todos de queixo caído, contudo, a consciência do sono lê aquelas páginas e pensa "que povo primitivo", fecha o Livro e segue na sua vidinha de sono, estudando o átomo, as células, buscando explicação disso e daquilo por meio do intelecto.

Não se contesta o método intelectivo, contudo, chega um ponto em que a mente e o intelecto já não são capazes de avançar na compreensão daquilo que é.

Nesse ponto, alguns baixam a cabeça e seguem dormindo, como se nada tivesse acontecido, lendo as suas mesmas revistas e livros acadêmicos.

Outros, ao reverso, tentam abandonar o pensamento, pois já sentiram que há vida além da compreensão dos sentidos, porém no próprio esforço por fazê-lo perdem a fragrância de sua obra.

Ainda, outros poucos, sentam na sua cadeira, relaxados, e apenas observam, como testemunhas, o desenrolar das cenas do mundo dos sonhos, e eis que o maravilhoso se lhe descortina, não na compreensão, pois a realidade sobrepõe o intelecto e a mente, mas na Alma, no Espírito, que é uno, no qual tudo está e que está através de tudo.

Aqui a obra não acabou, está, isto sim, acabando a vida do homem raso. Está, é bem verdade, movimentando-se-lhe os olhos como quem está a beira de acordar de um sono profundo, no entanto é apenas o começo, o começo da tão maravilhosa morte do "filho pródigo".

Não há outro caminho, perdoem-me os poetas, é preciso morrer em humanidade para renascer em Espírito, e isso não demanda vidas e vidas, e nem se obtém pelo esforço, senão pela Graça.

A nós, cabe-nos sentar e testemunhar, sentar e observar, sentar e esvaziar o copo, e deixar que o néctar do Verbo se derrame sobre nós, nos preencha e inunde.

Então é quando a Alma redescobre (observe "re"descobre) que nunca houve um começo, um meio e um fim; que nunca nasceu nem nunca morrerá; que não possui um pai ou uma mãe; que nunca sentiu dor ou prazer; mas que sempre foi, pois aquilo que é, é.

É difícil para mim, como escravo das paixões, escrever para as paredes. Mas descobri que as próprias paredes me escutam e observam e que não há diferença entre mim e elas.

sábado, 5 de outubro de 2019

O Retorno



Deus me permitiu senti-Lo, por isso falo de Deus. Sei que há muitos níveis da Presença Divina, embora Ela seja apenas Uma em tudo e através de tudo. Depois que senti a Grande Alma é que fui para as escrituras sagradas. Reconheço que se tivesse ido antes para as escrituras iria pensar estar diante de muitas incoerências, mas hoje, após ter vivido com Deus, ainda que por breves momentos, reconheço a Verdade oculta nas letras humanas. Não tenho medo de escrever “Verdade”, pois senti Deus. Chega num momento da vida em que as pessoas (egos apartados da Fonte) sentem medo de dizer que conheceram a Verdade, porque elas acreditam que precisam saber explicar. Não precisam. Deus é. Por isso, o caminho do místico, ou qualquer outra classificação infantil que queiram dar, é sempre solitário. Eu disse sempre. Pode haver estudos em grupo, mas a jornada é solitária por excelência.
Deus se permite conhecer e não precisa ser puro de coração. Deus não faz diferença entre o virtuoso e o pecador. Isso tudo é uma besteira inventada pelo homem. Uma deturpação para escravizar o homem à Lei da Causa e Efeito e aprisioná-lo ainda mais na roda das vidas sucessivas.

Além disso, é importante dizer: chega um momento em que saímos da igreja, porque pensamos que o Padre não diz nada com nada, somente lê aquelas palavras desconexas, e isso é verdade. Então descobrimos alguma vertente mística que já nos amplia a mente para o mundo do astral e conhecemos a energia, a manipulação, os corpos, os plexos, e todo o arsenal do mundo mental e energético. Mas chega num ponto que isso já não satisfaz, porque ainda estamos dentro da Lei da Causa e Efeito. Então encontramos o caminho espiritual, onde no silêncio Deus se revela como Presença e nós sentimos Deus e conhecemos Deus da forma como Ele quer que seja conhecido. Então podemos voltar lá para as pregações do padre e entender aquela baboseira toda com os olhos da Luz. Então aquilo que nem o padre sabe que diz, nós conseguimos sentir no coração, pois já vivemos consciente através e com o Deus, ou melhor Deus se deixou viver consciente e através de nós.

Não acredite nessas religiões que sob o pretexto de evoluir o homem no pensamento dizem que você deve renascer mil vezes, e ainda assim, talvez, não seja o suficiente. Isso é outra bobagem. Você não precisa renascer mil vezes, a menos que queira ou que desconheça Deus. Não se está negando a existência de espíritos, de energias, de chacras, de almas, de sua interação, não! Com efeito, tudo isso existe, mas existe num nível pequeno de Vida, num nível que acorrenta o homem.

Um sábio já disse que muitos se lembram de Jesus, porém se esquecem do Cristo, e aí está o grande entrave…

Outros ainda afirmam que o homem precisa suar a camiseta e ofertar pães para os pobres como forma de caridade e dizem que o monge solitário no mosteiro é um egoísta. Ignorante do ego que afirma isso, que não sabe que monge por estar unido a Cristo pode agir pelo homem de camiseta suada, controlá-lo, e fazê-lo sua marionete de boas ações. Isso só para dar um pálido exemplo. Para chocar mesmo. Mas em verdade esse monge pode fazer chover bênçãos sobre mil necessitados sem mover uma pálpebra, pois ele se uniu a Deus e Deus é a vida em tudo que há e nada há que não seja Deus.

Agora que você já sabe disso, pode voltar a rezar sua Ave Maria e o seu Pai Nosso com mais eficácia. Pode rezar para o seu santo com mais lucidez. Você acaba sendo simples. Não precisa mais ficar amarrado e escravizado nessas “religiões evoluídas”.

Você e Deus… que diferença tem? Não você pessoa, mas Você.

Agora, relaxe, pode sorrir…



domingo, 29 de setembro de 2019

Deus - A única Realidade



Quem poderá decifrar as obras do Senhor? As obras do Senhor não são feitas para serem decifradas, senão para serem sentidas com a Alma. Durante todos os tempos, até nos mais escuros, Ei-lo ao nosso lado, em nós e através de nós, aplainando os caminhos. Somente quando deixamos de lado a nossa humanidade egoísta é que criamos o vácuo necessário, o qual é instantaneamente preenchido pelo Espírito. Como muitos homens já foram porta-voz e repetiram: o homem é um dos meios pelos quais Deus se expressa… Não o homem raso, mas o homem limpo… Limpo de sua animalidade… Limpo do ego… Essa limpeza não vem senão da atitude de render-se ao Infinito Pai.

domingo, 8 de setembro de 2019

Soluções insondáveis



Na calma do mate, encontro soluções antes insondáveis. 
No embalo da música boa, recupero a alegria perdida. 
No afago preguiçoso do sofá, mato a minha ansiedade, recupero o fôlego, encontro o compasso sadio da respiração; abraço, enfim, novamente a própria sanidade. 
E, assim, renovado, dá pra enfrentar mais uma segunda, nessa sociedade doente, que nos exige cada vez mais...


domingo, 18 de agosto de 2019

A mitologia e a nossa vida


J. Campbell, em suas entrevistas publicadas na internet, disse uma coisa muito interessante, mais ou menos assim: que a mitologia pode nos ensinar a viver; que não precisamos estar sozinhos na caminhada, visto que outros já nos precederam e registraram o caminho percorrido com seus acontecimentos. Claro que esse texto é uma paráfrase, mas, na essência, parece ter sido isso que ele (Campbell) quis dizer. 

Depois disso, comecei a ler mais sobre mitologia, comecei a compreender que a mitologia, efetivamente, retrata vários aspectos da vida humana (sobretudo da psique humana), revela ensinamentos para alma por meio das narrativas de heróis, monstros, batalhas, entre outros, os quais podem muito bem ser comparados às nossas batalhas interiores e exteriores. 

Hoje, por exemplo, para ser mais específico, li sobre o mito de Apolo e Dafne, na sala da minha casa; então parei para pensar: quantos Apolos e quantas Dafnes não estão encenando no palco da vida o mito em questão? Ou ainda poderia me perguntar se eu mesmo, em algum momento, já não reproduzi esse mito em minha vida? Quem sabe? São tantas coisas guardadas na memória, nos escaninhos da alma... Com isso, quero dizer que muito nos pode valer a mitologia se soubermos extrair dela o significado existencial por detrás da forma. Aprende-se, com ela, a viver (e isso não é exagero!). Quem sabe ela (a mitologia) pode nos indicar, de antemão, onde um determinado fato (acontecimento da vida) nos conduzirá, ou o que pode nos suceder se seguirmos tal ou qual caminho. É deveras interessante, portanto. 


Reflexão sobre o trabalho

Mais um dia de trabalho exercido com dedicação e alegria. Obrigado, Deus, pela oportunidade constante de aprendizado; pelo transcurso das horas; pela companhia dos colegas de jornada; enfim, por ter saúde e força para prosseguir na caminhada. Embora toda a realização seja interior, no palco da própria psique, da própria alma, é no mundo exterior que ensaiamos os passos rotineiros para o supremo equilíbrio do Espírito. Cada dia melhor, portanto, a caminhada. Cada dia mais próximo da serenidade verdadeira. Cada vez mais rente ao limiar da sabedoria. Aquisições verdadeiras, recebidas constantemente, nem antes, nem depois, mas, sim, no tempo adequado. E a jornada nunca termina... Findam os marcos, alguns lindes, contudo outros sempre se descortinam incrivelmente belos e desafiadores... Daí que devemos, penso eu, apreciar o trajeto, o caminho, o percurso, porquanto não há um fim aonde chegar senão a Si Mesmo. (Texto escrito em 16/08/2019, no final do expediente, no Fórum de Lavras do Sul/RS).

Mestre Adyashanti - A consciência - O espaço

Sobre a consciência , compartilho este vídeo do mestre espiritual Adyashanti: Nisso está a chave do despertar. Não em "pensar&qu...