domingo, 6 de outubro de 2019

o que é, é. (*)

Quando a consciência não está preparada, pode ler mil vezes a declaração do maior dos princípios, mas não conseguirá depreender a sua essência.

Declarações como as contidas no Genesis deveriam deixar todos de queixo caído, contudo, a consciência do sono lê aquelas páginas e pensa "que povo primitivo", fecha o Livro e segue na sua vidinha de sono, estudando o átomo, as células, buscando explicação disso e daquilo por meio do intelecto.

Não se contesta o método intelectivo, contudo, chega um ponto em que a mente e o intelecto já não são capazes de avançar na compreensão daquilo que é.

Nesse ponto, alguns baixam a cabeça e seguem dormindo, como se nada tivesse acontecido, lendo as suas mesmas revistas e livros acadêmicos.

Outros, ao reverso, tentam abandonar o pensamento, pois já sentiram que há vida além da compreensão dos sentidos, porém no próprio esforço por fazê-lo perdem a fragrância de sua obra.

Ainda, outros poucos, sentam na sua cadeira, relaxados, e apenas observam, como testemunhas, o desenrolar das cenas do mundo dos sonhos, e eis que o maravilhoso se lhe descortina, não na compreensão, pois a realidade sobrepõe o intelecto e a mente, mas na Alma, no Espírito, que é uno, no qual tudo está e que está através de tudo.

Aqui a obra não acabou, está, isto sim, acabando a vida do homem raso. Está, é bem verdade, movimentando-se-lhe os olhos como quem está a beira de acordar de um sono profundo, no entanto é apenas o começo, o começo da tão maravilhosa morte do "filho pródigo".

Não há outro caminho, perdoem-me os poetas, é preciso morrer em humanidade para renascer em Espírito, e isso não demanda vidas e vidas, e nem se obtém pelo esforço, senão pela Graça.

A nós, cabe-nos sentar e testemunhar, sentar e observar, sentar e esvaziar o copo, e deixar que o néctar do Verbo se derrame sobre nós, nos preencha e inunde.

Então é quando a Alma redescobre (observe "re"descobre) que nunca houve um começo, um meio e um fim; que nunca nasceu nem nunca morrerá; que não possui um pai ou uma mãe; que nunca sentiu dor ou prazer; mas que sempre foi, pois aquilo que é, é.

É difícil para mim, como escravo das paixões, escrever para as paredes. Mas descobri que as próprias paredes me escutam e observam e que não há diferença entre mim e elas.

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