segunda-feira, 7 de outubro de 2019

A ira (não o ódio) (*)



Certa vez um homem já disse: “nem irar-se nesses termos é contra a mansidão”, referindo-se ao episódio em que o Mestre derrubou as mesas e varreu os vendilhões do Templo.

Assim, claro está, há situações em que a ira brota naturalmente como revolta da Alma frente à arbitrariedade, frente à injustiça, etc.

A Alma boa, por muito tempo, carrega em si o falso conceito de que deve sempre calar-se, de que deve aguentar quieta as injustiças, de que se não deve revoltar. Tudo isso é válido em se considerando o ego, porquanto a revolta de um ego insano pode causar tragédias, jamais construir e disso nós estamos cheios de exemplos.

Contudo, quando o impulso brota do imo do Ser, destituído de ódio, destituído de vingança, destituído de julgamento, é a mesma coisa que uma tempestade que sopra para limpar os miasmas da Natureza, eventualmente derramados, por lugares específicos.

Não fosse assim, não fossem essas revoltas, talvez ainda estaríamos presos a campos de concentração, ou escravizando em correntes e bolotas de ferro os nossos irmãos de pele negra. Um absurdo!

Muito diferente, porém, é a ira do ódio. Muito diversa é a ira da maldade. Muito, mas muito distante está a ira da vingança e do desejo do mal e de toda a sorte de julgamento.

Aquele que já sentiu a ira de Deus compreende que ela é um fogo que aquece o coração, expressa-se no verbo justo e escorreito, firme como a rocha, mas que não guarda no peito mescla de ódio, vingança, egoísmo, e julgamento.

Não há peso na consciência daquele que assim age, pois é a Voz de Deus que se expressa como admoestação! É a voz do Altíssimo que faz estremecer o chão dos impetuosos no momento adequado.

A consciência, nesse quesito, sempre será o nosso juiz. Ninguém se lhe pode escapar ao aguilhão, ao peso do remorso, quando a ação é perpetrada pelo ego desequilibrado.

Que fique bem clara a diferença. A ira não contém ódio, nem carrega pesar. A ira não deseja vingança, de modo que transmutada a situação, a própria boca que feriu, necessariamente, pode fazer cicatrizar as feridas…

Que a paz do Altíssimo seja o nosso luzeiro, guia e caminho, hoje e sempre.

(Lavras do Sul, 07/10/2019).

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