Certa vez um homem já disse: “nem
irar-se nesses termos é contra a mansidão”, referindo-se ao
episódio em que o Mestre derrubou as mesas e varreu os vendilhões
do Templo.
Assim,
claro está, há situações em que a ira brota naturalmente como
revolta da Alma frente à arbitrariedade, frente à injustiça, etc.
A
Alma boa, por muito tempo, carrega em si o falso conceito de que
deve sempre calar-se, de que deve aguentar quieta as injustiças, de
que se não deve revoltar. Tudo isso é válido em se considerando o
ego, porquanto a revolta de um ego insano pode causar tragédias,
jamais construir e disso nós estamos cheios de exemplos.
Contudo,
quando o impulso brota do imo do Ser, destituído de ódio,
destituído de vingança, destituído de julgamento, é a mesma coisa
que uma tempestade que sopra para limpar os miasmas da Natureza,
eventualmente derramados, por lugares específicos.
Não
fosse assim, não fossem essas revoltas, talvez ainda estaríamos
presos a campos de concentração, ou escravizando em correntes e
bolotas de ferro os nossos irmãos de pele negra. Um absurdo!
Muito
diferente, porém, é a ira do ódio. Muito diversa é a ira da
maldade. Muito, mas muito distante está a ira da vingança e do
desejo do mal e de toda a sorte de julgamento.
Aquele
que já sentiu a ira de Deus compreende que ela é um fogo que aquece
o coração, expressa-se no verbo justo e escorreito, firme como a
rocha, mas que não guarda no peito mescla de ódio, vingança,
egoísmo, e julgamento.
Não
há peso na consciência daquele que assim age, pois é a Voz de Deus
que se expressa como admoestação! É a voz do Altíssimo que faz
estremecer o chão dos impetuosos no momento adequado.
A
consciência, nesse quesito, sempre será o nosso juiz. Ninguém se
lhe pode escapar ao aguilhão, ao peso do remorso, quando a ação é
perpetrada pelo ego desequilibrado.
Que
fique bem clara a diferença. A ira não contém ódio, nem carrega
pesar. A ira não deseja vingança, de modo que transmutada a
situação, a própria boca que feriu, necessariamente, pode fazer
cicatrizar as feridas…
Que
a paz do Altíssimo seja o nosso luzeiro, guia e caminho, hoje e
sempre.
(Lavras
do Sul, 07/10/2019).
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