Nesses dias de pandemia
(Covid-19) em que as pessoas ficam confinadas em casa, em quarentena,
eu tive dificuldade de dormir (hoje 25 de março). Talvez pela
ansiedade do momento, talvez pela sobrecarga que o trabalho remoto
desenvolvido em casa me impusera. Sim! Passei a trabalhar em casa,
como todos os meus colegas, servidores do Judiciário Gaúcho, pois o
Tribunal de Justiça nos concedeu acesso remoto ao sistema, de modo
que podemos trabalhar de casa, sem contato físico, ou com o mínimo
contato possível.
Mas bem… Estava sem sono,
ansioso… Olhei para o lado da cama e vi a minha almofada de
meditação (Zafu). Pensei: É isso ! Vou aproveitar, sentar na
almofada, mas, ao invés de meditar, vou simplesmente rezar o
Pai-Nosso repetidas vezes em favor de toda a humanidade.
Foi o que eu fiz. Sentei,
rezei, rezei, rezei inúmeras, centenas de vezes, até que consegui
me ver livre daquele estado emocional ansioso. Recordo do fato de a
respiração ter ficado bastante fluída, como um balão gigante. Mas
eu ainda estava sentado, desperto, no corpo carnal, sem nem ter
pensado ou desejado sair do corpo. Aliás, fazia um tempão que não
lia nada a respeito, até estava em outra sintonia, pois nesse
momento eu estou mais focado em compreender um pouco do Budismo,
vendo palestras, estudando textos, tudo de forma muito informal e
leiga.
Então meu corpo físico
cansou e fui deitar-me.
Para minha surpresa, me deu
duas diarreias fortes, que me deixaram praticamente em jejum
(risos!). Depois disso voltei para a cama. E comecei novamente a
rezar o Pai Nosso, desta vez com as mãos no peito, as duas mãos em
cima do peito.
Como sou reikiano, pensei que
canalizar um pouco de energia para o chacra do coração seria bom,
ainda mais que eu tenho a sincera intenção de me tornar uma pessoa
serena, calma, e de melhorar a minha dicção, visto que às vezes
engasgo, tranco, quando fico nervoso. Pensei: Sim! Vou canalizar
energia para o centro do coração para ficar calmo… E assim eu
fiz.
Aconteceu que num dado
momento, comecei a ouvir um chiado de chaleira, realmente igual a um
chiado de chaleira fervendo, e ao mesmo tempo uma sensação de
leveza extrema em todo o corpo, e aquilo foi aumentando tanto, a
ponto de eu perder o controle da situação energética que estava se
apossando do meu corpo.
Então tive a sensação de
estar sacudindo de forma muito brusca, como um “chacoalhão”
mesmo, como se tivesse me dado uma tremedeira, coisa muito intensa.
Naquela sensação eu ia de cima para baixo, de baixo para cima, no
sentido do colchão e do teto da casa, mas tudo muito rápido. E num
lampejo me lembrei de tudo que tinha lido sobre projeção, e pensei:
É isso! É agora que vai acontecer uma projeção, tudo bem, vou me
manter calmo…
Quando pensei isso (vou me
manter calmo), aquela pressão me expulsou com muita rapidez para
fora do corpo e então eu fiquei pairando no quarto onde estava
dormindo. A projeção para fora do corpo físico ocorreu através do
peito, do coração, como se a minha consciência fosse expulsada do
corpo por um buraco bem no meio do peito. Fui lançado fora por
ali...
Fora do corpo imediatamente vi
nitidamente a porta do quarto, ainda escuro, pois ainda era noite,
mas tinha um pouco de luz do poste da rua a permitir que eu vagamente
enxergasse. E muito curioso: eu não consegui me enxergar projetado.
Eu era apenas consciência, sem forma nenhuma, mas eu sabia que era
eu, a pessoa Rodrigo, que estava ali de alguma maneira voando e
vivendo sem a forma do corpo físico.
Notei também que eu não
precisava respirar, mas que também não me sentia sufocado, não
sentia falta de ar, estava super bem.
Então pensei, com medo: Ah!
Meu Deus, e se vem algum espírito mal e me pega? O que eu faria?
Então pensei que deveria evitar isso e comecei a rezar mais ainda
(Obs.: eu adoro rezar, me sinto bem! Hehe). Nesse contexto, quando
rezava fui arrastado violentamente para outro lugar, voando muito
rápido, e esse lugar estava escuro, mas eu via a imagem de um rosto,
branco, mas não era nítido… Era o rosto de uma pessoa bondosa...
Mas não estava conseguindo enxergar muito bom, estava meio borrada a
imagem...
Então senti medo de que o
corpo físico tivesse morrido, ou ficado em coma, ou sei lá o que, e
pensei: Puxa! E agora? Amanhã meus pais vão ver que meu corpo
morreu, mas eu estou aqui vivo!
Posso ser enterrado vivo!
Nossa!
Aquilo me deu um pânico
imenso…
E eu quis voltar para o corpo,
mas estava muito longe, e diversamente do que relatam, eu não
conseguia voltar apenas porque senti medo, eu permaneci ali…
Não sabia o que fazer, estava
voando, sem forma, num local escuro, ninguém na minha volta, apenas
tinha visto o borrão de um rosto, pouco nítido, quando então uma
voz se fez ouvir na minha mente, em pensamento, dizendo: “Imagina
seu corpo na cama…”. E eu segui o conselho da voz. Imaginei meu
corpo na cama, e foi quando eu voltei voando numa velocidade muito
rápida e mergulhei com tudo no corpo, parecia um míssil colidindo
com a terra, e acordei sobressaltado…
Gritei: Mãe! Pai! Socorro! Eu
morri…
Mas aos poucos fui me
acalmando e me dando conta de tudo!
Depois veio aquela sensação:
Mas que coisa! Porque eu fui ter medo de morrer? Eu poderia ter
aproveitado muito mais! Mas enfim… não tinha mais o que fazer, ao
menos, naquele momento…
Anotei tudo, depois como já
eram 6 horas, levantei da cama, tomei um banho e aprontei um mate…
Foi assim que aconteceu.
Lavras do Sul, 25/03/2020.