segunda-feira, 1 de junho de 2020

HCAA - 1 de junho de 2020



Acabei de internar novamente no HCAA, desta vez na Unidade 120, leito 138, em Santa Maria-RS. 

Como costumo fazer, até mesmo para aliviar o meu emocional, escreverei diariamente sobre esse período, se for possível.

De alguma forma, escrever alivia as tensões da minha mente e do meu coração, acalma a minha ansiedade e nervosismo, naturais num momento como esse pelo qual estou mais uma vez passando.

Costumo dizer que as minhas internações possuem um divisor de águas bem marcante: a cirurgia de ileocolectomia, que precisei ser submetido há alguns anos.

Isso porque, antes do procedimento cirúrgico, eu poderia dizer que era um verdadeiro "herói" das internações, combatente incansável que arrostava intimorato as agulhas, os cateteres, e todos os procedimentos, invasivos ou não, os quais eram necessários.

Contudo, após o procedimento cirúrgico, com o trauma da dor, com o terror do pós-operatório, com a agonia da presença das sondas diversas presas ao meu corpo, parece que uma cena de medo e pavor se pintou em minha mente e no meu coração, de modo que passei a ficar mais nervoso e com medo dessas situações. 

Um tempo atrás, eu tinha vergonha de dizer que tinha essa fragilidade. Mas hoje não tenho mais. Afinal, sou humano, e trago, sim, esse trauma. 

Fiquei um bom tempo sem internar, cerca de dois anos, inclusive havia dito a mim mesmo, para a minha família (pai e mãe), e para os colegas de trabalho, que somente iria me submeter a nova internação em último caso. Até brinquei dizendo: "só internarei denovo se estiver quase morrendo...". Por isso, aguentei tanto tempo em casa (uns dois meses), fazendo tratamento ambulatorial, mas, desde ontem, ao receber uma visita amiga, resolvi que deveria internar no hospital, pois se não melhorara em casa em dois meses era sinal de que não iria melhorar sem ajuda do hospital. 

Então, baixei...

Durante a viagem, vim nervoso, com dores, agoniado, cheguei aqui no HCAA e precisei ser colocado numa cadeira de rodas, porque não consigo ficar em pé nem andar por muito tempo, devido a extrema fraqueza.

Viemos bem abastecidos, entretanto. Minha mãe (essa sim, heroína e meu pai, meu herói) arrumaram malas com roupas de inverno, alimentos, e tudo o mais que pudesse trazer um pouco mais de conforto. Eles são essenciais em minha vida. 

Sinto-me mal por ver a minha mãe sempre dormir nos sofazinhos duros dos hospitais ao lado do meu leito. Durante todas as internações, ela passa seus dias e suas noites ali, ao meu lado, saindo somente em momentos necessários. Sinto-me, pois, mal de ver o desconforto dela. Mas ela não arreda pé, não adianta. Ela poderia pernoitar em um hotel que fica aqui na frente, mas nunca aceita a sugestão... Enfim, mãe...

Por fim, encerro o post de hoje torcendo para que minhas veias periféricas estejam disponíveis, uma vez que, não raro, elas se escondem, e acabo levando umas cinco ou seis agulhadas até encontrarem uma veia acessível. 

Por enquanto, fica esse registro.

Santa Maria, 1 de junho de 2020.
Rodrigo Freitas dos Santos.


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