sábado, 6 de junho de 2020

HCAA - 6 de junho de 2020





Tornei a escrever hoje novamente. Nos dias anteriores, não tive força tampouco ânimo para fazê-lo.

Estou, ainda, aqui no HCAA de Santa Maria recebendo muitas medicações, tentando reequilibrar meu corpo.

Os problemas sanguíneos se agravaram, tive uma queda muito brusca em algumas células do sangue, motivo pelo qual precisei fazer duas bolsas de sangue.

Além disso, a diarréia não cessa, meu trânsito intestinal encontra-se aceleradíssimo, estou fraco e perdendo peso a cada dia.

Estufa-me quase tudo que eu como, causando dor forte, a qual rotineiramente tem me impedido de dormir.

Pela manhã, praticamente estou como um zumbi.

Eu gostaria de estar estudando, trabalhando, mas não posso por enquanto.

Eu trago essa questão de saúde comigo, que não é de agora, e não tem cura, pois algumas dentre as várias patologias (um verdadeiro "combo", como certa vez me disse uma médica) são crônicas, autoimunes.

Posso ter uma vida e seguir meu trabalho, contudo não posso dizer que minha vida é ou será normal. Isso infelizmente não. Realmente não. Tenho muitas restrições algumas até atrapalham um pouco nas interações sociais (nada de xis, pizza, restaurantes, bebidas, glúten, leite e derivados, total cuidado com a imunidade, isso só para citar algumas coisas).

Mas está bem, um pão sem glúten, sem leite, e um copo de água eu posso. Que tal convidar alguém assim: "olá amigo, vamos sair hoje para beber um copo de água e provar aquele "delicioso" pão com gosto de nada que parece um sola de sapato velho? O que você acha?! Não é mole.

Então a coisa realmente atrapalha.

Às vezes, me pergunto por que eu quero tanto estudar ainda para fazer outros concursos se minha vida é tão assim, vamos dizer, chata?! Mas o fato é que não consigo me acomodar. Então sigo estudando, quando tenho forças, é claro.

Agora estou aqui sentado, olhando esse leito de hospital, as cobertas na cama, a pequena janela que dá para um pátio com poucas árvores, observo meus braços crivados de furos e hematomas das agulhas, e me pergunto, isso vale à pena? Por incrível que pareça a resposta que tenho em mente é que sim. A cada internação eu saio mais experiente.

Eu conheço a dor humana de uma forma que a maioria das pessoas não conhece. Isso eu tenho certeza. E ao mesmo tempo isso me faz ser incapaz de ferir alguém deliberadamente.

Falando em braços picotados de agulhas, ontem tive de colocar um cateter central, pois as veias dos braços já não aguentavam mais, em minutos elas estouravam.

Então foi chamado o cirurgião, o qual veio aqui no quarto mesmo, me deu anestesia local e introduziu um cateter com o qual eu posso ficar bastante tempo.

O procedimento em si foi praticamente indolor. Sinto um pouco de medo, porém naquela oportunidade eu só queria não mais sentir dores nos braços e eu sabia que esse cateter central iria me aliviar.

A colocação de certo, o médico cirurgião fechou o corte com pontos, depois veio um técnico para fazer exame de raio X do tórax a fim de verificar se a posição do cateter ficou adequada. Deu tudo certo.

Não estou me sentindo bem, mas já estive pior.

Aqui dentro o dias passam muito devagar, mas não senti muito diferença, pois, em casa, eu já estava em total isolamento devido a baixa imunidade, então apenas fico observando as coisas acontecerem, as horas e os dias passaram nos seus próprios ritmos.

Não tenho muito mais o que escrever por agora.

Encerro aqui o registro de hoje.

Santa Maria, 6 de junho de 2020.
Rodrigo Freitas dos Santos.

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